O GOZO COM AS PALAVRAS
imagem daqu i Tinha um ritual para escrever que qualquer ruído externo atrapalhava a sua concentração. Colocava a casa em penumbra, e deixava somente a sala acesa. Através da música preparava-se para receber a inspiração dos ruídos de sua mente. A música: podia ser clássica, mas tinha que ser intensa. E assim a tela branca ia tomando forma em letras ainda desconexas por ter o hábito de escrever sem programar nada. Nem sabia o destino de seus personagens, e nem a história que caminho percorreria. O importante era saber-se ali no meio dos livros e da certeza de que seus dedos produziriam, mais uma vez. Sempre ouviu falar que escrever é um ato solitário, situação que nunca havia experimentado, pois sua sala de leitura era um cômodo de movimento literário constante: vozes ecoavam de todos os personagens impressos e dos que sugiam, onde apenas psicografava. Problema para o escritor não era escrever sozinho, e sim, a inspiração quando insistia em não visitar. O desespero bati